GTA IV: Um Presente “Amargurado” e as Escolhas Difíceis por Trás do Lançamento
Se você – como eu – tem um cantinho especial no coração para o Grand Theft Auto IV, é impossível não sentir um certo nó na garganta ao lembrar de algumas decisões que a Rockstar Games tomou durante seu desenvolvimento. Lançado em meio a grande expectativa, o jogo foi recebido com muitos elogios, mas também com um coro de críticas que apontavam para algo que faltava: o espírito vibrante e a liberdade que consagraram San Andreas.
Aparentemente, o estúdio não queria simplesmente “copiar e colar” o que tinha funcionado antes. Eles queriam criar algo novo, algo que realmente explodisse nos consoles da época, mostrando o poder das máquinas. E para isso, decidiram fazer alguns sacrifícios – que, para muitos fãs, foram um pouco dolorosos.
Um dos principais responsáveis por desvendar os bastidores dessa decisão foi Obbe Vermeij, que atuou como diretor técnico na Rockstar. Em suas declarações, ele explicou que a equipe se manteve fiel à visão de um jogo “de última geração”, priorizando a polidez técnica e a fluidez da experiência em detrimento de alguns recursos familiares aos jogadores.
E quais recursos foram sacrificados em nome da modernidade? Bem, quase tudo o que você esperaria de um GTA. Aviões pilotáveis? Sumiram. A possibilidade de trocar de visual do personagem a qualquer momento? Desapareceu. A exuberância de múltiplas cidades para explorar? Reduzida a um único, porém imersivo, cenário.
Estão pensando em mobilidade? Aos fãs de mochilas a jato e tanques do San Andreas, a notícia veio com um suspiro. A furtividade, a natação subaquática e até mesmo as customizações mirabolantes dos veículos foram eliminadas. A ideia era que as missões se encaixassem na narrativa, e não o contrário, focando em uma história mais densa e com uma atmosfera mais adulta.
A história por trás dessas decisões é ainda mais interessante: o desenvolvimento do GTA IV para o PlayStation 3 foi um verdadeiro pesadelo. A complexa arquitetura do console Cell, que a Sony queria como plataforma de destaque, gerava problemas técnicos constantes que atrasavam o projeto. Em meio a essa tempestade, a Rockstar tomou a decisão estratégica de focar primariamente no Xbox 360, que, na época, parecia uma plataforma mais estável e amigável para o desenvolvimento.
E, pensando no futuro, já podemos vislumbrar uma nova era para a franquia. Grand Theft Auto VI tem uma data de lançamento prevista para este ano, prometendo revolucionar o gênero com o poder do PlayStation 5 e Xbox Series X/S. Uma versão para PC, como é tradição, deve seguir logo em seguida.
Enquanto isso, podemos apreciar o GTA IV com um novo olhar, reconhecendo as escolhas difíceis que foram feitas para que ele se tornasse o jogo que amamos – e, talvez, lamentando um pouco os recursos que nunca viram a luz. Mas, no fim das contas, o legado de GTA IV permanece forte, como um presente “amargurado” que nos lembra da complexidade e dos desafios envolvidos na criação de um clássico.
