A Revolução Silenciosa de NieR: Como um Jogo Mudou o Jogo para os Desenvolvedores Japoneses
Lembra de quando os jogos japoneses eram vistos como… digamos, “exóticos”? Uma mistura peculiar de elementos que, embora criativos, não pareciam encontrar um lar tão caloroso no paladar do público ocidental? Bem, a indústria, e o mundo gamer, tiveram um ponto de inflexão. E o nome desse ponto é NieR: Automata.
Shuhei Yoshida, figura lendária da Sony e ex-presidente, tem uma lembrança marcante sobre esse momento. Ele conta que, por muito tempo, os desenvolvedores japoneses estavam tentando replicar fórmulas populares de Hollywood, buscando um apelo universal que, na prática, nem sempre funcionava em outros mercados. Era como tentar colocar um acessório que não combinava – bonito, talvez, mas deslocado.
Então, surgiu NieR: Automata. Yoko Taro, o visionário por trás da obra, simplesmente ignorou as expectativas de venda e mergulhou de cabeça em sua própria visão, infundindo o jogo com a alma e a estética japonesa. E o resultado? Uma explosão. Um sucesso estrondoso que ressoou com jogadores do mundo inteiro, abrindo as portas para uma nova onda de jogos japoneses que ousavam ser japoneses.
"Foi como se ele tivesse dito ‘calma, vamos fazer algo autêntico’", explica Yoshida. "Não era só sobre ‘Está tudo bem fazer assim’, mas sim sobre ‘Precisamos fazer assim’. A direção dos criadores japoneses mudou – de imitar as tendências estrangeiras para abraçar a própria cultura e as ideias que entendiam profundamente."
E o impacto foi enorme. Yoshida usa uma analogia simples: "Foi um antes e um depois de NieR. Antes, a indústria japonesa estava buscando um caminho para o sucesso global. Depois, percebeu que a chave estava em se reconectar com suas raízes."
A ironia é que, embora títulos como God of War (começando em 2005) e Uncharted (a partir de 2007) se tornassem verdadeiros fenômenos em outros países, conquistando prêmios e premiações, no Japão, eles eram apenas um pedacinho do bolo global, com vendas modestas, representando apenas 3% a 5% do total. Era como se o público local estivesse vibrando com um estilo diferente.
Mas NieR: Automata quebrou essa barreira. Detroit: Become Human chegou perto de alcançar um bom desempenho no Japão, mas foi Ghost of Tsushima, lançado posteriormente, que realmente demonstrou que a indústria japonesa havia reencontrado seu caminho, com 1 milhão de cópias vendidas no país.
A história de NieR é mais do que a de um simples jogo. É a de uma reavaliação, de uma mudança de mentalidade, e de como um jogo, feito com paixão e autenticidade, pode mudar o rumo de uma indústria inteira. Uma lição valiosa para todos nós, gamers, que apreciamos a diversidade e a originalidade.