O Luto e o Telêfone: Como a Morte de um Papa Reinventou a Forma Como Assistimos a Filmes
A semana começou com uma notícia que abalou o mundo, e, por um instante, o reflexo do luto global se espalhou pelos nossos smartphones e TVs. A partida do Papa Francisco, aos 88 anos, deixou um vazio que reverberou por todos os cantos do planeta. Em meio à reflexão e à saudade, algo inesperado aconteceu: um filme, “Conclave”, que já tinha tido uma recepção relativamente tranquila, de repente virou um fenômeno de audiência.
"Conclave", dirigido por Edward Berger, conta a história intensa e dramática da eleição de um novo líder da Igreja Católica após a morte de seu antecessor. O filme, que já havia conquistado oito indicações ao Oscar em 2024, saiu com a estatueta de Melhor Roteiro Adaptado, e a trama sombria e debatida sobre poder, fé e ambição cativou o público.
E o que chamou a atenção, de verdade, foi o aumento vertiginoso na demanda por ele. Em apenas um dia, a plataforma de streaming que o distribuía registrou um salto impressionante de 283%! De 1,8 milhão de minutos assistidos, a produção explodiu para 6,9 milhões em um piscar de olhos. Uma escalada tão repentina que deixou analistas boquiabertos.
Mas a história não para por aí. O sucesso de "Conclave" reacendeu o interesse em outro título, “Dois Papas”, da Netflix. A produção, que já tinha seu público, também viu sua audiência disparar, elevando-se em 417% em um período semelhante – de uma modesta faixa de 290 mil para 1,5 milhão de minutos de visualização.
O que está acontecendo aqui? Não se trata apenas do luto coletivo. Estudos indicam que eventos marcantes, como a morte de uma figura pública de grande influência, têm um impacto profundo na forma como consumimos conteúdo. O interesse por filmes e séries que lidam com temas relacionados à política, religião, poder e, claro, a busca por novos líderes, se intensifica exponencialmente. É como se a tristeza e a reflexão nos levassem a questionar e a buscar narrativas que espelhem nossas próprias emoções e reflexões.
“Conclave” e “Dois Papas” são exemplos de como a arte pode se tornar um espelho para os momentos mais importantes da história humana, um refúgio para a análise e um ponto de conexão em meio à distância e ao luto. A experiência de assistir a um filme, em um momento como este, transcende o simples entretenimento e se torna uma forma de participar, mesmo que virtualmente, de um evento de peso que molda o mundo ao nosso redor.
